Avaliação da qualidade das escolas socialmente referenciadas: Tensões e possibilidades
Mara Regina Lemes de Sordi, Estela Mafalda Inês Elias Fernandes da Costa
Resumo
Objetiva-se discutir o uso e desuso das categorias da participação, colaboração, negociação, responsabilização participativa e mindset experimental como possibilidades contrarregulatórias em processos de avaliação da qualidade das escolas na educação básica. A autoavaliação nas e das escolas é destacada como estratégia potente para organização dos coletivos escolares na perspectiva da cogestão de um projeto político pedagógico e a construção do afinamento conceitual destas categorias é defendido para que se mantenham aderentes aos fins emancipatórios que anunciam, reconfigurando os sentidos formativos da avaliação. Conclui-se que o fomento de cultura alternativa de avaliação da qualidade da escola pública, referenciada em valores socialmente pertinentes, é vital para a promoção de avanços na direção da formação humana das novas gerações e a escola deve ser compreendida como lócus central do processo de melhoria do ensino, coletivamente pensado, contrapondo-se, propositivamente, às políticas avaliativas regidas pelos resultados obtidos nos testes padronizados.
Palavras-chave
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Submetido em:
01/11/2023
Aceito em:
17/07/2024