Metaavaliação: quais padrões de qualidade, porquê, de quem e para quê?
Elizabeth Moreira dos Santos, Andreia Ferreira de Oliveira, Patrícia Pássaro da Silva Toledo, Egléubia Andrade de Oliveira, Gisela Cordeiro Pereira Cardoso, Paulo de Martino Jannuzzi
Resumo
Neste artigo problematiza-se dificuldades com o ensino da qualidade de avaliações na formação de avaliadores. A experiência evidencia que a problematização deve ultrapassar as diferenças semânticas, embora as considerem para a clareza dos processos de avaliação da avaliação. Os profissionais, ao mobilizarem as categorias utilizadas em meta-avaliação, devem estar atentos à estas equivalências e às suas mudanças no tempo. Aborda os padrões de qualidade de quatro documentos representativos da influência anglo-saxônica, européia, latino-americana, incluindo as Diretrizes para a prática da avaliação no Brasil. A comparação baseou-se nos pontos críticos dos processos avaliativos, que explicitam a interação entre competência técnica, investigação sistemática e habilidades de negociação envolvendo uma pedagogia e uma prática política. Toma-se como pressuposto para a comparação entre os documentos sete perguntas norteadoras. Os achados apontam a qualidade da avaliação pautada por evidências científicas. São incipientes a prática avaliativa profissional e o valor agregado como aprendizado e melhoria social.
Palavras-chave
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Submetido em:
26/08/2021
Aceito em:
31/08/2021